Indenização por Morte no Trabalho: Um Guia Completo

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Muitos trabalhadores brasileiros fazem atividades perigosas todos os dias.

Apesar de existir obrigação legal para que o Patrão crie um ambiente de trabalho seguro, sabemos que acidentes de trabalho com morte são mais comuns do que deveriam.

Por esse motivo, saber sobre a indenização por morte no trabalho é muito importante aos familiares.

Isto acontece porque perder um ente querido em um acidente de trabalho é uma experiência devastadora.

Contudo, além da dor emocional, as famílias enfrentam desafios financeiros em razão da morte.

Assim, este artigo oferece um guia completo sobre indenização por morte no trabalho, visando explicar os direitos e apoiar as famílias nessa difícil jornada.

Indenização por morte no trabalho

O Que é um Acidente de Trabalho

Primeiramente, um acidente de trabalho ocorre no exercício das atividades profissionais, podendo resultar em lesões ou, infelizmente, morte.

Isso inclui incidentes no local de trabalho ou, por exemplo, durante atividades relacionadas ao trabalho. Portanto, entender essa definição é fundamental para cobrar os direitos legais.

Isso significa que nem toda lesão ou acidente que aconteceu no local de trabalho é um acidente de trabalho.

É preciso que o acidente tenha acontecido durante a execução do serviço. Também é importante que o trabalhador não tenha tomado riscos desnecessários por conta própria.

Por outro lado, principalmente nos casos em que o empregado trabalha fora da sede da empresa, um acidente de trabalho pode acontecer fora do local de trabalho.

Cada caso é um caso, mas essencialmente, é importante lembrar que os acidentes de trabalho acontecem no exercício da função.

Obrigações do Empregador

O empregador é responsável por garantir um ambiente de trabalho seguro.

Isso significa que não basta agir para resolver acidentes que acontecem. É obrigação também criar um plano de prevenção, para diminuir os riscos e garantir a segurança do empregado.

Assim, o empregador deve fornecer equipamentos de proteção, treinamentos de segurança e cumprir as normas regulamentares.

Em relação aos equipamentos de proteção, devem ser funcionais, ou seja, estar em um bom estado de conservação e uso. Ainda, o empregador deve ensinar e orientar o empregado sobre o uso correto.

Não é só isso: é obrigação do patrão fiscalizar se o empregado está usando corretamente os EPI.

É obrigação do patrão, por exemplo, fornecer equipamento de segurança (EPI) como linha de vida, capacete, luvas, entre outros.

Para atividades de maior risco, treinamentos sobre o exercício da função também são indispensáveis. Existem casos em que os treinamentos devem ser renovados periodicamente para garantir uma boa prática.

Ainda, não podemos nos esquecer que existem normas de segurança para algumas atividades.
Essas normas específicas preveem outras obrigações e, muitas vezes, medidas diferentes considerando os riscos da atividade.

Por isso, a falha em oferecer um ambiente seguro pode ser um fator determinante para a responsabilização da empresa.

Familiares que Podem Requerer Indenização por morte no trabalho

Bom, em regra sabemos que os direitos trabalhistas previstos na lei são do próprio empregado.

O direito de receber o salário e férias, por exemplo, é pessoal. Ou seja, o empregado trabalha e, portanto, tem o direito de receber seu salário.

Por isso, surge essa dúvida: se o empregado morreu no acidente, quem tem direito de ser indenizado?

Nesse infeliz caso, são os herdeiros legais que têm direito de receber as indenizações correspondentes.

Na grande maioria dos casos, os herdeiros são os familiares, como esposa ou marido, filhos e pais.

Assim, os familiares que podem requerer indenização são parentes diretos como, por exemplo, marido e esposa, filhos, pais e dependentes financeiros do falecido. Assim, é importante identificar quem tem esse direito para garantir a compensação.

É preciso lembrar, ainda, que atualmente os companheiros (aqueles que convivem por meio de união estável) têm os mesmos direitos dos legalmente casados.

Assim, os companheiros e companheiras também têm direito de buscar a indenização em razão do acidente.

Tipos de Indenização por Morte no Trabalho

A morte de um ente querido no trabalho gera diferentes consequências aos familiares.

Por esse motivo, busca-se a compensação integral, tentando minimizar ao máximo o prejuízo da família.

Assim, existem diferentes formas de indenização, incluindo compensações financeiras por perda de renda, suporte para despesas decorrentes do acidente e indenizações por danos morais.

Isso acontece porque cada tipo tem o objetivo de diminuir impacto financeiro e emocional sobre a família.

Indenização por morte por Danos Morais à Família

Como é claro, a perda de um ente querido gera grande angústia e traumas por si só.

Quando isso acontece em razão de um acidente de trabalho, que muitas vezes é repentino e inesperado, essas consequências podem ser ainda maiores.

O sentimento de perda pode ser ainda somado ao de injustiça, principalmente quando a morte acontece por negligência do patrão.

Por esse motivo, além dos aspectos financeiros, a família pode buscar indenização por danos morais.

Apesar de não existir dinheiro no mundo que compense a perda de um familiar, a indenização por danos morais tem o objetivo de tentar, minimamente, reparar esse prejuízo.

Por esse motivo, a indenização por danos morais reconhece o sofrimento emocional causado pela perda e é um aspecto importante da compensação à família.

A indenização por danos morais é deve ser paga, em regra, à vista e diretamente aos herdeiros que tem o direito.

Indenização por morte de Danos Materiais e Pensão Mensal

É muito comum no Brasil que a família toda dependa financeiramente do salário do empregado.

Mesmo quando existe mais uma pessoa que trabalha na família, a renda familiar depende daquele salário, nem que seja uma forma de complementação.

As famílias assumem compromissos financeiros como, por exemplo, aluguel, mensalidade escolar ou financiamento, considerando a soma dos salários do núcleo familiar.

Com isso, a perda de um familiar pode abalar gravemente a renda familiar e, com isso, a própria possibilidade da família se sustentar.

Por isso, os dependentes podem receber uma pensão mensal, calculada com base no salário do falecido, descontando-se a parte que seria destinada ao próprio sustento.

Por exemplo: se o empregado recebia R$ 3.000,00, o Juiz pode considerar que ele gastaria um terço do seu salário para o seu próprio sustento e condenar a empresa a pagar uma pensão mensal de R$ 2.000,00 à família.

Essa pensão, em regra, é calculada até o momento que empregado se aposentaria, de modo a garantir essa renda à família.

Esse suporte financeiro contínuo é vital para a estabilidade econômica da família.

Pagamento de Despesas de Velório e Transporte

Outros custos podem gerar com o acidente de trabalho com morte.

As despesas imediatas, como velório e transporte, também entram na indenização.

Isso acontece porque a família não tem culpa pelo o que aconteceu e, portanto, não pode suportar sozinha os prejuízos.

Isso alivia o custo financeiro imediato que a família pode enfrentar, já que ninguém se prepara ou espera que isso aconteça.

Documentos Necessários para o Processo

Para cobrar essa indenização é preciso, em regra, entrar com um processo que se chama reclamação trabalhista.

Nesse processo é preciso comprovar para o Juiz que o empregado trabalhava para a empresa e as condições do acidente.

Muitas vezes a família não tem acesso a muitos documentos, já que sequer tinha contato direto com a empresa.

Por isso, documentos são importante, mas não são indispensáveis.

Os documentos mais comuns que a família tem acesso, são: carteira de trabalho do empregado, certidão de óbito, comprovantes médicos ou de despesas.

Documentos dos próprios familiares também são importantes, como certidão de casamento ou nascimento e comprovantes de dependência econômica como, pagamentos de despesas da casa.

Se a família tiver, a comunicação de acidente de trabalho (CAT) também é um documento importante e pode ajudar bastante nessa hora.

Cálculo das Indenizações pelo Juiz

Como você deve imaginar, a fixação das indenizações pode ser bem subjetiva.

Não é possível pensar de uma forma clara em um valor que seja suficiente para compensar a perda de uma vida.

Por esse motivo, primeiramente o juiz considera diversos fatores, como a idade e o salário do falecido, além do impacto emocional sobre a família, para calcular a indenização.

Em relação à indenização por danos morais, o Juiz considera como foi o acidente, qual a culpa da empresa e a relação próxima com os familiares. Também, a existência de filhos menores e esse trauma na vida pode ser um fator que aumenta o valor da indenização.

Sobre a indenização por danos materiais, a dependência econômica da família do salário do empregador que faleceu é muito importante.

Nesse caso, comprovar para o Juiz que a família dependia do salário do empregado é um dos aspectos mais importantes para a definição de um valor de indenização.

Assim, entender esses critérios é indispensável para ter uma expectativa realista do processo.

Como um Advogado Especialista Pode Ajudar

Um processo de indenização por morte no trabalho é complexa.

É preciso comprovar o vínculo de emprego do empregado, a negligência do patrão e demonstrar a gravidade da perda para a família.

Por esse motivo, é muito importante contar com um especialista neste tipo de caso.

Um advogado especializado pode orientar a família em cada etapa, garantindo que todos os direitos sejam respeitados e que a indenização seja justa.

Ainda, conversa com a família para entender a melhor forma de comprovar tudo que aconteceu, seja por meio de documentos ou mesmo por testemunhas que trabalhavam com o empregado.

A experiência e conhecimento são fundamentais para um resultado positivo.

Funcionamento do Processo Judicial

Atualmente, os processos judiciais são realizados online, o que pode acelerar o procedimento. Compreender o processo judicial online é importante para que a família esteja preparada para todas as etapas.

É preciso digitalizar toda a documentação e comprovar ao Juiz que o ente querido trabalhava no momento do acidente. Também deve-se comprovar a culpa da empresa por, por exemplo, não fornecer os equipamentos de proteção mínimos.

No processo, o Juiz pode enviar um perito até a empresa para entender as condições de trabalho e também considerar quanto a família dependia economicamente do empregado para fixar as indenizações.

As audiências também acontecem, na maioria das vezes, online. Os familiares podem participar de casa mesmo, utilizando o celular em uma videochamada.

Prazo para Requerer a Indenização

Apesar de um evento gravíssimo, é importante saber que a família tem um prazo para buscar seus direitos.

Assim, a família deve estar ciente dos prazos legais para a reivindicação de indenizações.

Em geral, existe um período limitado de 02 anos após o acidente para iniciar um processo e, por isso, consultar um advogado o mais rápido possível é essencial para não perder esses prazos.

Quando a Empresa tem Culpa pelo Acidente Fatal?

Como você já percebeu, para que haja responsabilidade da empresa é preciso que ela tenha contribuído para o triste acontecido.

A empresa tem culpa quando se comprova que o acidente ocorreu devido à negligência ou falha em cumprir as normas de segurança.

Um exemplo comum acontece quando a empresa determina que o empregado faça alguma atividade perigosa para a qual não estava preparado ou não tinha o treinamento necessário.

Porém, é preciso saber que a responsabilidade da empresa não existe apenas quando ela determina de uma forma ativa que o empregado faça algo.

Quando a empresa deixa de agir e essa falha se mostra como uma causa importante do acidente a empresa também tem responsabilidade e pode ser condenada ao pagamento das indenizações.

Isso pode incluir falta de equipamentos de proteção adequados, treinamento insuficiente dos funcionários, ou mesmo a violação de regulamentos de segurança do trabalho.

Consequências Legais para a Empresa

Se a empresa for considerada culpada, ela pode enfrentar consequências legais sérias, incluindo multas pesadas, sanções administrativas e até processos criminais, dependendo da gravidade da negligência.

Conclusão

A perda de um ente querido em um acidente de trabalho é uma tragédia imensurável. Este guia visa educar as famílias sobre seus direitos e o processo de reivindicação de indenizações. Com a orientação correta e o apoio jurídico adequado, as famílias podem buscar a compensação devida, garantindo um apoio vital para o futuro.

Lembre-se, em momentos de dor e incerteza, é fundamental buscar orientação profissional. Os advogados deste escritório estão comprometidos em oferecer suporte e representação de alta qualidade para garantir que seus direitos sejam protegidos e respeitados.

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Sobre o Autor

Bruno Alarcon Forti Rossi

Bruno Alarcon Forti Rossi é sócio do Alarcon Rossi Advogados. Advogado, pós graduado em Direito do Trabalho. É especialista em processos trabalhistas, com anos de prática. bruno@alarconrossi.com.br
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Sobre o Autor

Bruno Alarcon Forti Rossi
Bruno Alarcon Forti Rossi

Bruno Alarcon Forti Rossi é sócio do Alarcon Rossi Advogados. Advogado, pós graduado em Direito do Trabalho. É especialista em processos trabalhistas, com anos de prática. bruno@alarconrossi.com.br

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